Antes de ligar as luzes, conversei com o Diego sobre o que ele queria guardar desse dia: presença, sobriedade e um registro que fizesse sentido hoje e no futuro. Propus um começo sem pressa — um ensaio de formatura em BH contado como história, não como catálogo de poses. A ideia era simples: colocar a pessoa no centro e deixar a conquista aparecer nos gestos.
Nos primeiros cliques, trabalhei o essencial: postura que sustenta, respiração que organiza o corpo e um olhar que segura o quadro sem endurecer. Mostrei alguns testes no monitor e afinamos juntos detalhes pequenos — giro de ombros, inclinação do queixo, tempo entre um clique e outro. A cada ajuste, o Diego se reconhecia mais na imagem e o set ganhou ritmo no tom certo.
Encerramos o primeiro bloco com retratos pensados para convite e redes, mas que também pedem moldura em casa. Mantive tratamento discreto — pele real e contraste moderado — para que a edição desaparecesse e a história ficasse inteira, do jeito que foi vivida em Belo Horizonte.
Optamos pelo estúdio em BH para garantir previsibilidade de luz e tempo. Em época de formatura, prazos correm; no estúdio eu repito setups com precisão e mantenho consistência entre variações de expressão e plano, sem depender do clima.
Usei fundo neutro para concentrar a leitura no rosto e nos gestos. Os símbolos do curso entram só como apoio, quando fazem sentido, sem disputar atenção com a presença do Diego. Essa limpeza visual reforça a intenção do retrato: direto, sereno e claro.
Se o briefing pede cidade ou campus, costumo propor uma segunda etapa externa. Neste trabalho, o cenário contido do estúdio entregou exatamente a atmosfera definida — objetiva, silenciosa e centrada no protagonista.
Minha direção acontece em camadas: primeiro a estrutura do corpo (pés firmes, eixo equilibrado, ombros organizados), depois as mãos e, por fim, a expressão. Dou instruções curtas e deixo silêncio entre elas; é nesse intervalo que os olhares verdadeiros chegam.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade visual do conjunto — do primeiro ao último arquivo.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. Prefiro que a edição desapareça — a fotografia sustenta a narrativa, sem distrações.
Antes do primeiro clique, alinhei o fluxo com o Diego: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela dá segurança e reduz a ansiedade de quem não vive a rotina de estúdio.
Durante o set, mantive a conversa baixa — só o essencial para guiar. Quando a expressão aparecia, eu recuava e deixava a imagem acontecer. Foi assim que chegamos aos retratos que a família reconhece de longe como “o Diego”.
Finalizamos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para guardar. Saímos com a sensação de trabalho resolvido, no tom certo.
Defina onde as fotos vão viver — convite, redes, álbum. Com isso claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com pele e cabelo. Para quem usa barba, aparar com antecedência ajuda; óculos limpos e lábios hidratados também.
Leve referências simples e, se fizer sentido, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro costuma comunicar mais do que muitos adereços. O importante é você se reconhecer nas imagens.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A presença muda o retrato; a câmera percebe quando estamos, de fato, ali.
BH oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios preparados, bons laboratórios e fornecedores por perto — prazos mais curtos e qualidade consistente do arquivo à impressão.
Na Região Metropolitana (Contagem, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, Lagoa Santa, São José da Lapa e Caeté), ajusto logística e ritmo para manter a mesma linguagem técnica e a mesma experiência.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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