Antes de qualquer clique, conversei com o Alisson sobre a reta final do curso e o que ele queria guardar dessas fotos: presença, serenidade e um orgulho tranquilo. Propus um começo silencioso para que o ensaio de formatura em BH soasse mais como história do que como um manual de poses. A ideia era simples: deixar a personalidade dele conduzir a linguagem.
Os primeiros cliques foram de aquecimento — postura, respiração e um olhar que sustenta a cena sem endurecer. Mostrei no monitor e afinamos juntos pequenos pontos: giro de ombros, tempo entre respirações, inclinação do queixo. A cada ajuste, o Alisson se reconhecia mais na imagem e o ensaio ganhava ritmo próprio.
Fechamos o primeiro bloco com retratos que funcionam no convite e nas redes, mas que também cabem no porta-retrato da família. Mantive tratamento discreto, pele real e contraste moderado para que nada competisse com o que importa: a pessoa e a conquista que ela celebra em Belo Horizonte.
Optei pelo estúdio em BH pela previsibilidade. Em período de formatura, prazos são curtos; aqui consigo repetir setups, manter consistência entre variações e proteger o fluxo de imprevistos climáticos. Isso mantém a experiência calma e objetiva do início ao fim.
Com fundo neutro, a leitura do rosto e dos gestos fica clara. Quando entram símbolos do curso — beca, por exemplo — é sempre como apoio, sem disputar atenção com o que interessa. Para o Alisson, essa limpeza visual fez sentido: menos elementos, mais verdade.
Quando o briefing pede cidade ou campus, proponho um segundo momento externo. Neste trabalho, o estúdio entregou exatamente a atmosfera que definimos juntos: direta, serena e focada na presença.
Minha direção acontece em camadas: primeiro a estrutura do corpo (pés, eixo, ombros), depois mãos, por fim a expressão. Prefiro instruções curtas e respiros entre elas para que a pessoa ocupe a pose no próprio tempo. Com o Alisson, trabalhei respirações entre cliques — é nesse intervalo que surgem olhares que contam.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade visual da série — do primeiro ao último arquivo.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. A edição precisa desaparecer para que a fotografia sustente a narrativa sem distrações — hoje e daqui a alguns anos.
Expliquei o fluxo antes do primeiro clique: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela ajuda a calibrar postura e expressão com segurança, reduz a ansiedade e dá autonomia para decidir o que funciona melhor para cada um.
Entre uma variação e outra, mantive a conversa baixa — só o essencial para guiar. Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. Foi assim que chegamos àquelas fotos que a família reconhece como “a cara do Alisson”.
Encerramos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para guardar. Saímos com a sensação de trabalho resolvido, no tom certo.
Comece definindo onde as fotos vão viver: convite, redes, álbum. Com isso claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com a pele e o cabelo. Detalhes práticos — óculos limpos, barba aparada, lábios hidratados — fazem diferença no resultado.
Leve referências simples e, se quiser, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro comunica mais do que muitos adereços. O importante é você se reconhecer nas imagens e ver sua história refletida nelas.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A câmera percebe quando estamos presentes — e presença é metade do retrato.
Belo Horizonte oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios, laboratórios e fornecedores por perto. Isso encurta prazos e mantém a qualidade do arquivo ao papel, sem sustos.
Para quem vem da região metropolitana, o acesso é simples e o padrão técnico se mantém, seja no estúdio em BH ou em locações combinadas. A ideia é que a experiência seja fluida e que as fotos funcionem em diferentes usos.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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