Antes de ligar as luzes, ouvi a história da Isabelle. Ela me contou do sonho antigo de estudar em uma universidade federal, dos anos de Enem, do trabalho para bancar o cursinho e do equilíbrio entre rotina puxada e estudo. Falou também das orações, do momento de entrega quando achou que não daria, e da aprovação meses depois em Odontologia. Era muita coisa para caber em imagens — mas era exatamente isso que eu queria fotografar: o que sustenta alguém até a conquista.
Propus um começo simples, quase silencioso. Deixei que a Isabelle respirasse o estúdio e guiou a primeira sequência com direção leve: pequenos ajustes de ombro, o queixo na medida, o olhar que segura o quadro sem endurecer. A cada pausa, ela se reconhecia um pouco mais na câmera, e a série começava a ganhar a voz dela.
Fechamos o primeiro bloco com retratos que contam a travessia sem precisar de muito. Imagens pensadas para convite, redes e para a família — com tratamento discreto, pele real e contraste moderado. A ideia era que, ao olhar daqui a alguns anos, a Isabelle lembrasse não só da aprovação, mas do caminho que a trouxe até aqui.
Optei pelo estúdio em Belo Horizonte pela previsibilidade. Em época de formatura, prazos correm e o estúdio me dá controle de luz e ritmo para repetir setups e manter consistência entre variações de expressão e planos, sem depender de clima ou ruído externo.
O fundo neutro ajudou a concentrar a leitura no rosto e nos gestos. Quando incluímos símbolos do curso, foi sempre como apoio, sem roubar a cena. Para a história da Isabelle, essa limpeza visual fazia sentido: menos elementos, mais verdade.
Quando o briefing pede cidade ou campus, proponho um segundo momento externo. Aqui, a linguagem que definimos juntos pedia precisamente esse cenário contido, claro e direto — o suficiente para deixar a história aparecer.
Minha direção acontece em camadas: primeiro estrutura do corpo (pés, eixo, ombros), depois mãos e, por fim, expressão. Dou instruções curtas e deixo espaço entre elas para que a pessoa ocupe a pose. Com a Isabelle, trabalhei respirações entre cliques; é nesse intervalo que surgem olhares que contam.
Na luz, usei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade visual do conjunto.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. A edição precisa desaparecer para que a fotografia sustente a história sem distrações — hoje e no futuro.
Expliquei o fluxo antes do primeiro clique: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ao se ver na tela, a Isabelle calibrava postura e expressão com segurança. A cada sequência, eu apenas lembrava a intenção: presença, gratidão, caminho.
Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. Em um desses momentos, ela sorriu do jeito de quem sabe o preço que pagou para estar ali. É esse instante que procuro: quando a foto para de ser pose e vira testemunho.
Encerramos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para a família. Saímos com a sensação de trabalho resolvido — sem excessos, do tamanho da história que ela queria contar.
Comece pelo objetivo: convite, redes, álbum. Com isso claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com a pele e o cabelo. Detalhes práticos — óculos limpos, lábios hidratados — fazem diferença no resultado.
Leve referências simples e, se desejar, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro costuma comunicar mais do que muitos adereços. O importante é você se reconhecer nas imagens.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A câmera percebe quando estamos presentes — e presença é metade do retrato.
Belo Horizonte oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios, bons laboratórios e fornecedores por perto. Isso encurta prazos e mantém a qualidade do arquivo ao papel.
Para quem vem da região metropolitana, o acesso é simples e o padrão técnico se mantém, seja no estúdio em BH ou em locações combinadas. A experiência precisa ser fluida do início ao fim.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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