Quando o Athos chegou, deixei a câmera descansar alguns minutos. Conversei com ele sobre o que queria guardar dessas fotos: presença, serenidade e um traço de orgulho de quem fecha um ciclo. Propus começarmos simples, para que o ensaio de formatura em BH fosse mais uma história contada do que um manual de poses.
Iniciamos com enquadramentos em pé, postura firme e olhar direto. Mostrei os primeiros cliques no monitor e ajustamos juntos: um giro de ombros, um respiro mais longo, a inclinação exata do queixo. A partir dali, ele ocupou a cena com naturalidade; o ritmo ficou claro e a linguagem do ensaio apareceu.
Fechamos o primeiro bloco com planos médios e closes que funcionam bem tanto no convite quanto nas redes. Mantive o tratamento discreto — correções pontuais e contraste na medida — para que a atenção ficasse no que importa: o Athos, sua conquista e o momento.
Optei pelo estúdio em Belo Horizonte pela previsibilidade. Em época de formatura, o controle de luz e tempo ajuda a manter consistência entre variações de expressão e postura, sem depender do clima ou de imprevistos externos.
Com fundo limpo, a beca e os símbolos entram como apoio quando necessário, sem disputar atenção. O rosto lê melhor, a expressão sustenta a imagem e a fotografia conversa com o uso que vem depois — convite, redes e impressos.
Quando o briefing pede cidade ou campus, costumo propor um segundo momento externo. Para o Athos, a linguagem que definimos pedia um set direto e sereno. O estúdio entregou exatamente essa atmosfera.
Minha condução acontece em camadas: primeiro estrutura do corpo (pés, eixo, ombros), depois mãos, por fim expressão. Dou instruções curtas e deixo silêncio entre elas para que a pessoa encontre seu lugar na pose. Com o Athos, trabalhei respirações entre cliques — é nesse intervalo que surgem expressões verdadeiras.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade visual da série.
No tratamento, busquei uniformidade entre os arquivos: balanço de branco coerente, contraste moderado e nitidez técnica. A edição precisa desaparecer para que a fotografia conte a história sem distrações.
Antes do primeiro clique, expliquei o fluxo: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela ajuda a calibrar expressão e postura com segurança, tirando a ansiedade do processo.
Entre uma variação e outra, mantive a conversa baixa — só o essencial para guiar. Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. É nesse espaço que o retrato respira e a pessoa aparece inteira.
Encerramos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para a família. Saímos com a sensação de trabalho resolvido — do jeito que tem que ser.
Comece pelo objetivo: convite, redes, álbum. Com isso claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com a pele e o cabelo. Detalhes práticos — óculos limpos, lábios hidratados — fazem diferença no resultado.
Leve referências simples e, se quiser, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro comunica mais do que muitos adereços. O importante é você se reconhecer nas imagens.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A câmera percebe quando estamos presentes — e presença é metade do retrato.
Belo Horizonte oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios, laboratórios de impressão e fornecedores por perto. Isso encurta prazos e mantém a qualidade do arquivo ao papel.
Para quem vem da região metropolitana, o acesso é simples e o padrão técnico se mantém, seja no estúdio em BH ou em locações combinadas. A experiência precisa ser fluida do início ao fim.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
Edição: