Cheguei ao estúdio alguns minutos antes da Ana Luiza para ajustar a luz base e montar o primeiro cenário. Quando ela entrou, trouxemos a conversa para o centro: o que essa formatura em Direito significava para ela e que tipo de retrato faria sentido guardar. A proposta foi simples e honesta — um ensaio de formatura em BH que mostrasse a conquista sem perder de vista a pessoa por trás da beca.
Começamos com poses clássicas para dar chão: postura firme, olhar tranquilo, mãos bem resolvidas. Mostrei os primeiros cliques no monitor e seguimos afinando pequenos detalhes — um giro de ombros, um respiro mais longo, o queixo na medida. A cada ajuste, a Ana Luiza ia se reconhecendo na imagem, e o ensaio ganhou ritmo.
Fechamos o primeiro bloco com planos médios e closes que sustentam convite e redes sociais com a mesma força. Mantive o tratamento discreto, pele real e contraste moderado, para que a série funcionasse tanto impressa quanto em tela. O objetivo era contar uma história inteira em poucas imagens — e deixá-la respirar.
Optei pelo estúdio em Belo Horizonte para garantir previsibilidade de luz e tempo. Em períodos de formatura, essa previsibilidade é essencial: conseguimos repetir setups, manter consistência entre variações e não depender de clima ou fatores externos que atrasam o fluxo.
Com o fundo limpo, a beca e os símbolos do curso entram como apoio, sem competir com o que importa. A leitura do rosto fica clara, a expressão aparece inteira e o retrato ganha aquela sobriedade que conversa bem com o universo do Direito.
Quando o briefing pede, combinamos uma segunda etapa externa — campus, centro da cidade, um lugar afetivo. Aqui, a linguagem que definimos com a Ana Luiza pedia justamente esse estúdio: direto, sereno e focado na presença.
Minha direção acontece em camadas: primeiro estrutura do corpo (pés, eixo, ombros), depois mãos, por fim expressão. Dou instruções curtas e abro espaço de silêncio para que a pessoa ocupe a pose. Com a Ana Luiza, trabalhei respirações entre cliques — é nesse intervalo que surgem olhares verdadeiros.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado, preservando volume e evitando sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem que a estética se quebrasse. O resultado é um conjunto coeso, com imagens que conversam entre si.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. A edição precisa desaparecer para que a fotografia conte a história sem distrações — e para que dure bem no tempo.
Antes do primeiro clique, alinhei o fluxo: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela ajuda a calibrar expressão e postura com segurança, tirando a ansiedade do processo e transformando o set em um lugar de confiança.
Mantive a conversa baixa, apenas o necessário para guiar. Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. A cada virada de plano, reforçávamos uma intenção — firmeza, leveza, orgulho — até encontrar aquele ponto em que a fotografia fala sozinha.
Encerramos com uma seleção preliminar para garantir um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para a família. Saímos com a sensação de trabalho fechado: a história da Ana Luiza contada no tom certo.
Comece definindo onde as fotos vão viver: convite, redes, álbum. Com o objetivo claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com a pele e o cabelo. Detalhes práticos — óculos limpos, lábios hidratados — fazem diferença no resultado final.
Leve referências simples e, se quiser, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro comunica mais do que muitos adereços. O importante é que você se reconheça nas imagens e que elas contem a sua travessia até aqui.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A câmera percebe quando estamos presentes — e presença é metade do retrato.
Belo Horizonte oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios, laboratórios de impressão e fornecedores por perto. Isso encurta prazos e mantém a qualidade do arquivo ao papel.
Para quem vem da região metropolitana, o acesso é simples e o padrão técnico se mantém, seja no estúdio em BH ou em locações combinadas. O objetivo é uma experiência fluida do início ao fim, com fotos que funcionam em diferentes usos.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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