Quando o Ramon chegou ao estúdio, deixei a câmera na mesa e puxei conversa: o que ele queria levar dessas fotos, o que fazia sentido para a família e para ele, agora que o ciclo se fecha. Falamos de presença, de um orgulho sereno e de retratos que durem no tempo. Propus começarmos devagar — um ensaio de formatura em BH contado como história, não como catálogo de poses.
Iniciei com enquadramentos simples, em pé, para dar chão. Mostrei os primeiros cliques no monitor e fomos afinando juntos: giro de ombros, inclinação do queixo, tempo de respiração. A cada ajuste, o Ramon se reconhecia mais na imagem e o set ganhou ritmo — o tipo de fluidez que deixa a expressão aparecer sem esforço.
Fechamos o primeiro bloco com planos médios e closes pensados para convite e redes, mas que também funcionam impressos. Mantive tratamento discreto, pele real e contraste moderado. A edição some para que a fotografia diga o essencial: a pessoa e a conquista que ela celebra em Belo Horizonte.
Optei pelo estúdio em BH pela previsibilidade. Em época de formatura, prazos correm; aqui controlo luz e tempo, repito setups com precisão e mantenho consistência entre variações de expressão e plano, sem depender do clima.
O fundo neutro concentra a leitura no rosto e nos gestos. Quando entram símbolos do curso, uso como apoio, sem disputar atenção com o que importa. Com o Ramon, essa limpeza visual reforçou a sobriedade que combinamos para o retrato.
Se o briefing pede campus ou cidade, costumo propor um segundo momento externo. Para este trabalho, a linguagem que definimos pedia exatamente esse cenário contido, direto e silencioso — o suficiente para deixar a presença dele no centro.
Minha direção acontece em camadas: primeiro a estrutura do corpo (pés firmes, eixo equilibrado, ombros organizados), depois as mãos, por fim a expressão. Prefiro instruções curtas e respiros entre elas para que a pessoa ocupe a pose no próprio tempo.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade da série; as fotos precisam conversar entre si do primeiro ao último arquivo.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. A pós-produção existe para sustentar a narrativa, não para chamar atenção — hoje e daqui a alguns anos.
Expliquei o fluxo antes do primeiro clique: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela dá segurança e reduz a ansiedade de quem não está todos os dias diante da câmera. A cada sequência, o Ramon entendia o que funcionava melhor para ele.
Durante o set, mantive a conversa baixa — só o essencial para guiar. Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. É nesse intervalo que o retrato respira e a pessoa aparece inteira, sem esforço.
Encerramos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para a família. Saímos com a sensação boa de trabalho fechado, do jeito que precisa ser.
Comece definindo onde as fotos vão viver: convite, redes, álbum. Com isso claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com a pele e o cabelo. Para quem usa barba, aparar com antecedência ajuda; óculos limpos e lábios hidratados também.
Leve referências simples e, se fizer sentido, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro comunica mais do que muitos adereços. O objetivo é você se reconhecer nas imagens.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A presença muda o retrato — a câmera percebe quando a pessoa está, de fato, ali.
BH oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios, bons laboratórios e fornecedores por perto, encurtando prazos e mantendo a qualidade do arquivo ao papel.
Na Região Metropolitana (Contagem, Nova Lima, Lagoa Santa, Vespasiano, Sabará, Santa Luzia, São José da Lapa e Caeté), ajusto o fluxo à realidade de cada agenda, mantendo padrão técnico e linguagem consistente.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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