Antes de começar, sentei com o Samuel para entender o que ele queria levar dessas fotos: presença, serenidade e um registro que traduzisse a travessia até aqui. Propus um início silencioso, deixando o set respirar. A ideia era simples: um ensaio de formatura em BH contado como história — menos pose, mais verdade.
Nos primeiros cliques, trabalhei o essencial: postura que sustenta, respiração que organiza o corpo e um olhar que segura o quadro sem endurecer. Mostrei os testes no monitor e seguimos afinando juntos — um giro de ombros, a inclinação do queixo, o tempo entre um clique e outro. A cada ajuste, o Samuel se reconhecia mais na imagem e o ritmo apareceu.
Fechamos o primeiro bloco com retratos que funcionam no convite e nas redes, mas que também pedem moldura na casa da família. Mantive tratamento discreto — pele real, contraste moderado — para que nada competisse com o que importa: a pessoa e a conquista celebrada em Belo Horizonte.
Optei pelo estúdio em BH para garantir previsibilidade de luz e tempo. Em época de formatura, prazos são curtos; no estúdio consigo repetir setups com precisão e manter consistência entre variações de expressão e planos, sem depender do clima.
Com fundo neutro, a leitura do rosto e dos gestos fica limpa. Os símbolos do curso entram apenas como apoio, quando fazem sentido, sem roubar a cena. Para o Samuel, essa limpeza visual reforçou a sobriedade que combinamos para o retrato.
Quando o briefing pede cidade ou campus, proponho um segundo momento externo. Aqui, a linguagem que definimos pediu justamente esse cenário contido, direto e silencioso — o suficiente para colocar a presença dele no centro da narrativa.
Minha direção acontece em camadas: primeiro a estrutura do corpo (pés, eixo, ombros), depois as mãos, por fim a expressão. Prefiro instruções curtas e respiros entre elas para que a pessoa ocupe a pose no próprio tempo — é nesse intervalo que os olhares verdadeiros chegam.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade visual do conjunto; as fotos precisam conversar entre si do primeiro ao último arquivo.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. A edição existe para sustentar a narrativa, não para disputar atenção com ela — hoje e daqui a alguns anos.
Antes do primeiro clique, alinhei o fluxo: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela dá segurança e reduz a ansiedade de quem não está todos os dias diante da câmera.
Durante o set, mantive a conversa baixa — só o essencial para guiar. Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. Foi assim que chegamos àquelas fotos que a família reconhece de imediato como “o Samuel”.
Encerramos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para guardar. Saímos com a sensação de trabalho resolvido, no tom certo.
Defina primeiro onde as fotos vão viver: convite, redes, álbum. Com isso claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com a pele e o cabelo. Para quem usa barba, aparar com antecedência ajuda; óculos limpos e lábios hidratados também.
Leve referências simples e, se fizer sentido, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro comunica mais do que muitos adereços. O objetivo é você se reconhecer nas imagens.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A presença muda o retrato — a câmera percebe quando a pessoa está, de fato, ali.
Belo Horizonte oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios, bons laboratórios e fornecedores por perto — prazos mais curtos e qualidade do arquivo ao papel.
Na Região Metropolitana (Contagem, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, Lagoa Santa, São José da Lapa e Caeté), ajusto o fluxo à realidade de cada agenda, mantendo padrão técnico e linguagem consistente.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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