Deixei a câmera de lado quando a Valquiria chegou. Quis ouvir primeiro o que ela queria levar desse dia: presença, serenidade e um retrato que lembrasse a travessia até Fisioterapia. Propus um começo sem pressa, para que o ensaio de formatura em BH soasse como história — menos pose, mais verdade. Era sobre ela, sobre o caminho e sobre guardar esse tempo com cuidado.
Nos primeiros cliques, organizamos o essencial: postura que sustenta, respiração que acalma o corpo e um olhar que segura a imagem sem endurecer. Mostrei no monitor e afinamos juntos os detalhes — giro de ombros, inclinação do queixo, tempo entre um clique e outro. A cada ajuste, a Valquiria se reconhecia mais nas fotos e o set encontrou o próprio ritmo.
Encerramos o primeiro bloco com retratos pensados para convite e redes, mas que também pedem moldura em casa. Mantive tratamento discreto — pele real e contraste moderado — para que a edição desaparecesse e a história aparecesse inteira, do jeito que foi vivida em Belo Horizonte.
Optamos pelo estúdio em BH para garantir previsibilidade de luz e tempo. Em temporada de formatura, prazos correm; no estúdio consigo repetir setups com precisão e manter consistência entre variações de expressão e plano, sem depender do clima. Isso deixa a experiência tranquila do começo ao fim.
Trabalhei com fundo neutro para concentrar a leitura no rosto e nos gestos. Quando entram símbolos do curso, uso apenas como apoio — contexto sem disputar atenção com a presença da formanda. Para a Valquiria, essa limpeza visual fez sentido: menos elementos, mais verdade no retrato.
Se o briefing pede cidade ou campus, costumo propor uma segunda etapa externa. Neste trabalho, o cenário contido e direto do estúdio entregou exatamente a linguagem combinada: clara, serena e centrada na protagonista.
Minha direção acontece em camadas. Primeiro organizo o corpo (pés firmes, eixo equilibrado, ombros no lugar), depois resolvo as mãos e, por fim, conduzo a expressão. Dou instruções curtas e deixo silêncio entre elas para que a pessoa ocupe a pose no próprio tempo — é nesse intervalo que os olhares verdadeiros chegam.
Na luz, desenhei um principal suave com preenchimento controlado para preservar volume e evitar sombras duras. Pequenas rotações de tronco e cabeça renderam variações suficientes sem quebrar a unidade visual do conjunto; do primeiro ao último arquivo, as fotos precisam conversar entre si.
No tratamento, busquei uniformidade: balanço de branco coerente, contraste na medida e nitidez técnica. Prefiro que a edição não apareça — a fotografia sustenta a narrativa, hoje e daqui a alguns anos.
Antes do primeiro clique, alinhei o fluxo com a Valquiria: blocos curtos, revisões rápidas no monitor e ajustes pontuais. Ver-se na tela dá segurança, ajuda a calibrar postura e expressão e mantém o ritmo leve.
Durante o set, mantive a conversa baixa — só o essencial para guiar. Quando a expressão chegava, eu recuava e deixava a imagem acontecer. Foi assim que encontramos aqueles retratos que a família reconhece de longe como “a Valquiria”.
Finalizamos com uma seleção preliminar garantindo um retrato para o convite, alternativas para redes e imagens para guardar. Saímos com a sensação de trabalho resolvido, no tom certo da história dela.
Defina onde as fotos vão viver: convite, redes, álbum. Com o objetivo claro, escolha peças lisas e bem passadas, em cores que conversem com pele e cabelo. Pequenos cuidados — óculos limpos, lábios hidratados — fazem diferença no resultado.
Leve referências simples e, se fizer sentido, um item simbólico do curso. Use com parcimônia: um gesto verdadeiro costuma comunicar mais do que muitos adereços. O importante é você se reconhecer nas imagens hoje e no futuro.
Chegue alguns minutos antes para ambientar e respirar. A presença muda o retrato; a câmera percebe quando estamos, de fato, ali.
Belo Horizonte oferece estrutura que ajuda quando o calendário aperta: estúdios preparados, bons laboratórios e fornecedores por perto — prazos mais curtos e qualidade consistente do arquivo à impressão.
Na Região Metropolitana (Contagem, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, Lagoa Santa, São José da Lapa e Caeté), ajusto logística e ritmo para manter a mesma linguagem técnica e a mesma experiência.
No fim, um bom ensaio de formandos em BH transforma caminho em imagem. Quando a fotografia respeita a história de cada um, ela permanece.
Fotografias: Homero Xavier
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